Olá Irmão de Fé!
Como bons Umbandistas gostamos de ter junto de nós aquelas “mirongas” de proteção que os Caboclos, os Velhos e demais Entidades fazem com as sementes, penas, pedras, búzios, figas de guiné, estrelas de Salomão, estrelas da guia, cruz de caravaca, Santo Antonio de Guiné, imagens de Exu e Pomba-Gira, pontos diversos, orações, imãs, que são colocados dentro de saquinhos de tecido de variadas cores e formas. Os nossos amuletos da sorte – os patuás.
Com a formação dos primeiros Templos de Umbanda e a possibilidade de um contato mais direto com diversas Entidades espirituais, as pessoas que buscavam proteção começaram a encontrar nesses objetos sagrados um apoio, era algo material que continha a força mágica vibratória sempre consigo. A partir de então, as Entidades passaram a orientar sua elaboração, indicando quais objetos seriam incluídos na confecção do patuá e como se deveria proceder com eles para que recebessem o seu Axé, ou seja, a força mágica.
Uma antiga expressão diz:
“Quem não pode com Mandinga,
não carrega patuá.”
Os Mandingas são grupos de africanos do norte que, pela proximidade com os árabes acabaram se tornando muçulmanos, religiosos que tem muitas restrições aos que não aceitam Alá como Deus ou Maomé como o seu profeta.
Os Mandingos (em mandingo: Mandinka)
Hoje em dia são um dos maiores grupos étnicos da África Ocidental,
com uma população estimada em 11 milhões.
Com o crescimento do tráfico de escravos, vários negros Mandingas vieram parar no continente americano, vítimas da ambição dos brancos. Muitos desses escravos sabiam ler e escrever em árabe. Esse estado superior de cultura desse grupo de negros fez com que fossem rotulados de feiticeiros, passando a expressão mandinga a designar feitiço.
Por outro lado, os negros que praticavam o culto aos Orixás eram vistos como infiéis pelos negros muçulmanos. Os senhores brancos, aproveitando-se dessa rivalidade e confiando aos Mandingas funções superiores que aos demais, fazia a animosidade entre eles crescer. Os Mandingas não eram obrigados pelos senhores brancos a comer restos de carne de porco e até mesmo permitiam que eles usassem trechos do Alcorão guardados em pequenos invólucros de pele de animais pendurados ao pescoço. Constantemente eram os negros Mandingas que acabavam ocupando o lugar de caçadores de escravos fugitivos, recebendo a denominação de “capitães-do-mato”. Quando um escravo pretendia fugir da senzala, além de se preparar para lutar sem armas através da capoeira e do maculelê, ele pendurava ao pescoço um patuá, de modo que pensassem tratar-se de um negro Mandinga, para não ser perseguido.
Entretanto, se um verdadeiro Mandinga o abordasse e ele não soubesse responder em Árabe, o verdadeiro Mandinga descarregaria toda a sua violência nesse infeliz negro fugitivo. Assim nasceu a expressão “quem não pode com Mandinga não carrega patuá”.
A vingança a quem se atrevesse a portar um falso objeto sagrado pelo muçulmano era algo muito terrível. Com o passar do tempo o hábito de utilizar patuás entre os negros foi se generalizando, pois eles acreditavam que o poder dos Mandingas era devido, em grande parte, aos poderes do patuá.
Por outro lado, os Padres também utilizavam, e ainda utilizam, crucifixos e medalhas, agnus dei, etc., que depois de benzidos, a maioria das pessoas acredita que podem trazer proteção aos devotos nelas representados. Na verdade, o uso do talismã perde-se na longa noite do tempo e confunde-se com a própria história do gênero humano.
Mas afinal, o que é um patuá? O patuá é um objeto consagrado que traz em si o Axé, a força mágica do Orixá, do Santo Católico ou Guia de Luz, a quem ele é consagrado.
Entre os católicos já era hábito utilizar um objeto ou fragmento que houvesse pertencido a um Santo ou a um Papa, até mesmo fragmentos de ossos de um mártir ou lascas de uma suposta cruz que teria sido a da crucificação de Jesus. Até mesmo terra, que era trazida pelos cruzados que voltavam da Terra Santa e que a utilizavam nesses relicários, considerados poderosos amuletos, que deveriam atrair bons fluidos e proteger dos infortúnios. Estes eram chamados de relicários. O nome relicário é originário do latim relicare-religar, que acabou formando a palavra relíquia. Logo o clero percebeu que não poderia impedir o uso dos patuás pelos negros, que os tiravam antes de entrar na igreja, mas voltavam a usá-los ao afastar-se dela. Decidiram, então, substituir os patuás africanos, que traziam trechos do Alcorão, por outro que trazia orações católicas, medalhas sagradas, agnus dei.
COM ORGULHO E ALEGRIA DE SER UMBANDISTA, SARAVÁ/NAMASTÊ!