04 agosto, 2010

A UNIVERSALIDADE UMBANDISTA - SARAVÁ UMBANDA!


A Umbanda é uma religião nova na materialidade, iniciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporado em seu médium Zélio de Moraes no dia 15 de novembro de 1908, porém, seus valores religiosos fundamentais são ancestrais e foram herdados de culturas religiosas remotas. 

Sendo assim a Umbanda possui a contribuição de vários elementos em seus rituais, entre eles: os africanos, indígenas, espiritas, católicos, teosóficos, hinduístas, budistas, entre outros. A Umbanda é uma religião universalista, monoteísta e espiritualista cristã porque tem no Senhor Jesus, o nosso Grande Mestre, sua maior representatividade.


1ª Corrente: Formada pelos espíritos nativos que aqui viviam antes da chegada dos estrangeiros conquistadores. Esses espíritos já conheciam o fenômeno da mediunidade de incorporação, pois o xamanismo multi milenar já era praticado pelos seus pajés em suas cerimônias. Eles já acreditavam na imortalidade do espírito, na existência do mundo sobrenatural e na capacidade de “os mortos” interferirem na vida dos encarnados. Também acreditavam na existência de divindades associadas a aspectos da natureza. Tinham um panteão ao qual temiam, respeitavam e recorriam sempre que se sentiam ameaçados pela natureza, pelos inimigos ou pelo mundo sobrenatural. Também acreditavam na existência de espíritos malignos e de demônios infernais, mas sem a elaboração da religião cristã que aqui se estabeleceu. Nestes Terreiros a presença de rituais de origem indígena é muito forte. Normalmente Caboclos comandam todos os Trabalhos;  é comum o uso de charutos para defumação. Em alguns os nomes utilizados internamente são de origem Tupi antigo valorizando muito a tradição indígena brasileira.

2ª Corrente: Os cultos de nação africana, sem contato com os nativos brasileiros, tinham essas mesmas crenças, só que mais elaboradas e muito bem definidas. Seus sacerdotes praticavam rituais e magias para equilibrar as influências do mundo sobrenatural sobre o mundo terreno e também para equilibrar as pessoas. Acreditavam na imortalidade dos es­píritos e no poder deles sobre os encarnados. Cultuavam os ancestrais por meios de ritos elaboradíssimos e que perduram até hoje, pois são um dos pilares de suas crenças religiosas. Sua cultura era transmitida oral mente de pai para filho, na forma de lendas, preservando conhecimentos muito antigos, como a criação do mundo, dos homens e até eventos análogos ao dilúvio bíblico. Nesses Terreiros a  identificação está bem próxima dos fundamentos africanos, isto significa que naquele Terreiro os rituais africanos estão presentes de forma significativa.  São Terreiros de Umbanda que tem uma forte influência do Candomblé e do Culto Omolokô.  Possuem rituais como Borí, Deitada, Mão de Pemba, Mão de Faca. Exu é cultuado como um Orixá.

3ª Corrente: Nestes Terreiros a identifição tem uma forte influência católica. São Terreiros que possuem no gongá muitas imagens de Santos, Anjos, Arcanjos, Jesus, Espírito Santo, o sincretismo religioso, pela qual a religião católica nos forneceu as suas imagens que, colocadas em nossos altares, facilitaram o processo de transição de católicos para a Umbanda. É comum nestes Terreiros as procissões para São Jorge, Nossa Senhora Aparecida e demais Santos Católicos. Os Pontos Cantados sempre relacionam os Orixás aos Santos, e muitos chegam a afirmar que o Santo e o Orixá são a mesma coisa. Os rituais são semelhantes aos da Igreja Católica como o Batismo, Confirmação (Crisma), Casamento, sempre lembrando as cerimônias católicas. Algumas Casas não trabalham com Exu, algumas chegam a identificar o Exu ao demônio.

4ª Corrente: Formada pelos kardecistas de mesa que incorporavam espíritos de índios, de ex-excravos negros, de orientais, etc. Criaram a corrente denominada “Umbanda Branca”, nos moldes espíritas, mas na qual aceitavam a manifestação de Caboclos, Pretos Velhos e Crianças. Esta corrente pode ser descrita como um meio termo entre o espiritismo, os cultos nativos e os afros, pois se fundamenta na doutrina cristã, mas cultua valores religiosos herdados dos índios e negros. Não abre seus cultos com cantos e atabaques, mas sim com orações à Jesus Cristo. As suas sessões são mais próximas dos Kardecistas que das Um­bandistas genuínas, que usam cantos, palmas e atabaques. Seus membros se identificam como Espíritas de Umbanda. Nesses Terreiros a identificação é marcada por uma forte influência da Doutrina Espírita, que é estudada pelos seus integrantes.  Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, Exus, são considerados Espíritos em evolução e que já estão libertos do ciclo reencarnatório. No gongá não fazem uso do sincretismo religioso, ou seja, não existem imagens de Santos. Normalmente os Orixás são  entendidos  como  Espíritos  de  muita evolução, sendo considerados  pura  energia. Orixás  nunca  incorporam. Nestes Terreiros  utilizam somente roupa branca; conceitos como mediunidade, passes, vibrações, obssessores são muito comuns. Em alguns os Caboclos e Pretos Velhos fazem uso do fumo.

Zélio de Moraes
Como vemos as possibilidades são inúmeras. Os fundamentos existentes na Umbanda são muitos e, naturalmente, não se apresentam de forma única como descrevemos acima, eles se fundem em proporções diferentes dando as características de cada Terreiro; o Axé de cada Casa.

A Umbanda é uma religião que permite que cada filho de fé busque aquele Terreiro que fale mais alto ao seu coração, sem deixar de ser umbandista. Se lembrarmos as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas, veremos que os alicerces da Umbanda são a liberdade e a igualdade, gerando as mesmas oportunidades para todas as pessoas e espíritos virem trabalhar e evoluir.

 Com orgulho e alegria de ser Umbandista, Saravá/Namastê!