01 fevereiro, 2011

DA RUDEZA AO RESPEITO À VIDA

Sacrifício de Animais

Olá Irmãos de Fé!

Sacrifício é a prática de oferecer alimento, ou a vida de animais ou pessoas às divindades, como forma de culto. 

O termo deriva dos radicais ‘sacro' e ‘oficio', ou seja, "oficio sagrado." 

Os motivos para a prática de sacrifícios são variáveis, conforme o sistema de crenças de cada religião. Em algumas religiões, a palavra utilizada para sacrifício está associada à palavra "aproximação", pois acreditava-se que o sacrifício aproximava o devoto de sua divindade.

Alguns povos no passado acreditavam que parte do poder dos "deuses" só podia ser conservado às custas de constantes sacrifícios. Outros acreditavam que os sacrifícios não interferiam no poder dos "deuses", mas sim os agradavam, de forma que colocavam o devoto em posição de negociar algum favor.

Havia também sacrifícios para aplacar a ira dos "deuses." Animais ou seres humanos podiam ser ofertados como forma de expiar pelos pecados da comunidade. Os sacrifícios desempenhavam função social importante dentro de certos sistemas, pois eram uma forma do devoto oferecer alguma contribuição à instituição religiosa, uma forma de prover alimento para os sacerdotes e para os mais pobres. Dessa forma, após serem oferecidos aos "deuses", os animais eram consumidos pelos devotos, pelos sacerdotes ou distribuídos aos pobres.

Os sacrifícios eram práticas diárias nas mais avançadas sociedades americanas pré-colombianas, sendo que algumas destas sociedades praticavam o sacrifício de seres humanos. A sociedade hebréia, os pagãos (termo para referir aos não batizados) de todos os continentes, os romanos, os gregos, os muçulmanos e as religiões derivadas dos cultos africanos, todas recorreram ou recorrem ao sacrifício de seres vivos.

Os sacrifícios na sociedade Hebréia

O primeiro sacrifício de animais citado na Bíblia foi realizado por Abel (Gen. 4:4), no entanto, este sacrifício e o realizado por Noé (Gen. 8:20) precedem o advento da religião judaica. 

Dentre os patriarcas, Abraão ofereceu um sacrifício de carneiro (Gen. 22:13) e Jacó é descrito como oferecendo dois sacrifícios, embora o texto não especifique o que tenha sido ofertado (Gen. 31:54 e Gen. 46:1). 

O sacrifício de animais parece não ter sido estranho aos israelitas na época de escravidão no Egito (Êxodo 3:18), embora não haja evidências de que isto fosse praticado neste período. Já na época do êxodo do Egito, os israelitas foram proibidos de imolar animais exceto como ofertas sacrificiais. Uma pessoa que abatesse um animal sem ofertá-lo no tabernáculo era considerado culpado por sua morte (Lev. 17:3-4). 

Já em Israel, os sacrifícios passaram a ocorrer no pátio do Grande Templo, em Jerusalém. (Lev 17:1-9, Deut. 12.5-7). Esporadicamente, outros lugares que não o Templo eram utilizados para sacrifícios (Juizes 2:5; Juizes 6:18-21, 25 e 1 Reis 18:23-38). O livro de Levítico descreve em detalhes quais tipos de oferendas podiam ser oferecidas em cada ocasião e de que forma o sacrifício deveria ocorrer. As oferendas eram derivadas de vegetais (farinha, azeite, trigo torrado, bolos, incenso, vinho), animais (bois, cabras, carneiros, pombas, rolinhas) e em alguns casos minerais (sal).

Os sacrifícios eram classificados como:

Sacrifício de expiação pelo pecado (Lev 4 e Lev. 6:24-30): Dependendo de quem cometeu o pecado e das condições em que fora cometido, eram ofertados novilhos, bodes ou cabras.

Oferta pela culpa ou holocausto (Lev. 5, Lev. 6:1-13 e Lev. 7:1-10): Eram ofertados carneiros, cordeiras e cabritas, mas os menos abastados podia ofertar pombas, rolas ou mesmo farinha (fermentada ou não).

Sacrifícios pacíficos ou de ação de graças (Lev 3; Lev. 7:11-20): Era um sacrifício queimado para agradar a Deus. Eram sacrificados bois, cabras e carneiros, mas também bolos de farinha com azeite, não fermentados.

Oferta de manjares (Lev. 2:1-11 e Lev. 6:14-23): Era um sacrifício queimado para agradar a Deus. Eram usadas preparações a base de vegetais não fermentados e sal.

Ofertas de primícias (Lev. 2:12-16): O propósito era agradecer pela abundância da colheita. Eram oferecidos os primeiros grãos coletados, ainda verdes, azeite e mel.

Maimônides (1135-1204) explica que os judeus na verdade não tinham a necessidade de realizar sacrifícios para Deus, mas isto passou a ser praticado em Israel por influência das tribos pagãs que viviam ao redor. Estes povos utilizavam estes rituais como forma de aproximar-se de suas divindades. 


De acordo com Maimônides, se um sistema não houvesse sido criado para que os israelitas praticassem rituais semelhantes aos pagãos para se aproximarem de seu Deus, possivelmente sacrificariam para "deuses estrangeiros." Maimônides concluiu que a decisão de Deus de permitir sacrifícios era uma concessão às limitações psicológicas do homem, e não uma necessidade religiosa real.

De fato, na Biblia há muitas passagens que mostram que o Deus de Israel na verdade buscava pelas orações e o sincero arrependimento, e não o sacrifício:

"Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres." (Salmo 40:6).

"Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus." (Salmos 51:16-17).

Os sacrifícios foram abolidos há dois mil anos da sociedade hebréia, sendo substituído por orações.

Sacrifícios no Cristianismo

O cristianismo, como religião, jamais utilizou como prática o ritual de sacrifícios, mas cristãos primitivos sem dúvida praticavam sacrifícios no Templo de Jerusalém até sua destruição no ano 70 d.C. 

Portanto cristãos e judeus deixaram de praticar sacrifícios de animais na mesma época. Há, no entanto, resquícios de práticas sacrificiais pagãs européias na tradição católica (touradas), o que mostra que pelo menos no início da cristianização da Europa, estes sacrifícios foram continuados, até sua definitiva incorporação à nova religião.

Na teologia cristã moderna, os sacrifícios não tem lugar, visto que, Cristo ofereceu-se como sacrifício universal. A mera fé nisto conduz o devoto à salvação. No entanto, o culto e a eucaristia são práticas que remontam ao sacrifício, sendo a hóstia (no caso católico), a oferenda de carne. O simples fato de Jesus haver sido considerado uma oferenda válida mostra, porém, que o cristianismo aceita, teologicamente, a validade dos sacrifícios. Com efeito, o cristianismo não faria sentido sem a ideia de que Jesus serviu como um cordeiro sacrificial, para expiar pelos pecados do mundo.

Sacrifícios no Islã


O período de peregrinação à Mecca (Hajj) é marcado por um rito sacrificial denominado Eid-ul-Adha (comemoração do sacrifício). Este sacrifício lembra que Abraão esteve prestes a sacrificar seu filho (que, de acordo com a tradição muçulmana não era Isaque, mas Ismael). 


Após as orações, aquele que tem condições leva um cabrito, uma cabra, uma ovelha, um camelo ou uma vaca, para serem sacrificados. A carne destes sacrifícios é compartilhada com a família e os amigos, e um terço é dada aos pobres. Todos estes preceitos estão contidos na Surata Al-Hajj (o capítulo do Al-Corão que trata da peregrinação à Mecca).

No Al-Corão (22:37) está explicado que Deus não se beneficia da carne nem do sangue dos animais que são sacrificados, mas que a fé do devoto e sua boa intenção é que são considerados. 

O animal deve ser abatido tendo sua jugular cortada e seu sangue drenado. Não é permitido dar marretadas, eletrochoques ou perfurar o animal com qualquer objeto. Esta carne, apenas assim é considerada Halal, própria para consumo.

Sacrifícios no Hinduísmo

O Yajurveda, um dos quatro Vedas, contém grande parte da liturgia e dos rituais necessários para a prática religiosa hindu. Isto inclui os ritos sacrificiais. No período de 1000 a.C. a 800 a.C., o hinduísmo passou a basear seu sistema de crenças na constante necessidade de sacrifícios. A população podia consumir a carne apenas de animais abatidos por Brâmanes (Sacerdotes). 

Neste período surgiu no hinduísmo o sistema de castas, o conceito de reencarnação e a concepção de que almas animais podiam evoluir até a condição humana.

Textos como o Ramaiana e outros demonstram que os sacrifícios de animais eram comuns na prática religiosa hindu. No século VI a.C., no entanto, devido a pressões ecológicas e o advento de novas concepções religiosas, os sacrifícios foram abandonados em sua maior parte. Neste período, seguindo o desprezo pelos sacrifícios, a salvação da alma passa a estar atrelada às boas ações do indivíduo, entre elas evitar causar mal aos animais.

Por não ser, no entanto, uma religião organizada, o hinduísmo permite uma variedade de rituais nitidamente destoantes. Ao passo que na maior parte dos lugares os Templos abriguem animais desamparados e os devotos lhes ofereçam alimentos como parte de seu rito, em outras regiões mais isoladas e menos abastadas animais e mesmo seres humanos continuam a serem sacrificados.

Isto é especialmente verdadeiro nos Templos dedicados à deusa Kali: Em 14 de junho de 2003 um homem tentou sacrificar sua filha no Templo de Kamakhya, tendo sido detido pelos Sacerdotes e preso pela polícia. Na aldeia de Parsari, distrito de Sagar, em Madhya Pradesh, um Sacerdote hindu foi preso em 27 de março de 2003 por sacrificar um homem. Embora sacrifícios humanos sejam proibidos, eles continuam a acontecer na Índia.

Sacrifícios eram também praticados em outras antigas religiões da Ásia. Confúcio descreve a existência de sacrifícios na China do século VI a.C.

Sacrifícios pagãos

O sacrifício de animais e seres humanos foi praticado por pagãos de todos os continentes. Muito se tem discutido sobre a condição dos Druidas (Sacerdotes Celtas), se eles eram pessoas pacíficas e simpáticas ou, como nos queriam fazer crer os romanos, bárbaros sanguinários. 

É possível que tenham sido ambos, um pouco dos dois. Há evidências arqueológicas de que na religião celta havia sacrifícios de seres humanos, ainda que raramente. Os relatos de historiadores romanos e cristãos a esse respeito, embora provavelmente exagerados, dão alguma idéia da forma como esses rituais ocorriam.

Já com relação aos astecas, sabe-se que praticavam rituais de sacrifício humano praticamente diários. Esta era a forma que encontravam para aplacar a fúria do "deus Huitzilopochtli", representado pelo Sol, e desta forma evitar catástrofes. Isto os colocava em constante guerra com seus vizinhos, pois com o intuito de evitar o sacrifício de seus próprios, sacrificavam-se prisioneiros de guerra. Da mesma forma, os sacrifícios eram praticados na sociedade maia.

Sacrifícios eram praticados na cultura cretense minóica, pré-helênica, mas é possível que não como parte dos ritos diários, mas em casos especiais como para aplacar a ira dos "deuses" durante desastres naturais. Os sacrifícios durante este período evidenciam-se, além da arqueologia, pela perpetração de lendas relativas aos minóicos, como aquela em que a cidade de Atenas precisava enviar todos os anos sete rapazes e sete moças para Creta, para serem oferecidas ao Minotauro. Gregos e romanos ofereciam sacrifícios, principalmente de animais, em honra dos "deuses."

Sacrifícios nas religiões africanas

A maioria das religiões africanas ainda pratica o sacrifício de animais e, em casos mais velados, também de seres humanos. Na antiga religião Zulu, ainda praticada na África do Sul, pessoas podem ser mortas não como parte de um sacrifício ritual, mas para que alguma parte de seu corpo seja utilizada como medicamento (Muti). 

Nesta forma de medicina, o pênis de um menino pode ser requerido pelo sangoma (curandeiro) para elaborar um elixir contra a impotência ou o estupro de uma virgem pode ser necessário para curar alguém de AIDS. Os ritos sacrificiais africanos, trazidos para a América do Sul e Caribe no período colonial, ainda são praticados em muitas comunidades.

No Candomblé, o sacrifício de animais é praticado pelo Axogun ou pelo Babalorixá. O primeiro que deve receber os sacrifícios é Exu, a quem é oferecida uma galinha. Em seguida o Orixá que se pretende contatar recebe sua oferta, sempre um animal quadrúpede. Após morto e oferecido no ritual, o animal é consumido pelos devotos e seu couro pode ser utilizado para a confecção de instrumentos musicais. No Candomblé o sangue não apenas é vida, pois possui uma energia elementar. O sangue e as vísceras dos animais tem o objetivo de produzir axé, energia vital. Apesar disto, há seguidores do Candomblé que opõem-se à pratica de sacrifícios de animais.


Irmãos de Fé!

Na Umbanda não há sacrifício de animais. 
Nós Umbandistas seguimos as Leis de respeito total à Natureza, 
nosso Livro Sagrado e a todos os seres que fazem parte dela. 

Os animais são nossos companheiros na estrada da eterna evolução. 
Como anunciou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, através de seu médium Zélio de Moraes em 15 de novembro de 1908.

Umbanda é caridade, é Luz e tem como seu 
Mestre Supremo, Jesus. 
Portanto ser Umbandista é amar a vida!!!

Nós Umbandistas, ou qual seja sua a religião, 
ou os que não praticam qualquer religião, 
devemos ter como um princípio claro e definido, 
que o movimento contra os sacrifícios, 
jamais deverá ser um movimento antirreligioso 
ou contra uma religião específica.



Devemos trabalhar, sim, em favor ao direito à vida de todos os seres integrantes da Natureza. 

Devemos respeitar a liberdade de culto e de fé, mas esse respeito não justifica ficarmos calados em relação a nossa visão ética desenvolvida pela evolução de nossas consciências, contrária a essas práticas, referentes à supressão da vida através do uso de sacrifícios. 

Queremos dizer que não somos superiores nem inferiores, e que também descendemos de povos e religiões que sacrificaram animais. 

Devemos dizer que o sacrifício de animais pode hoje fazer parte dos rituais de certas religiões, mas que não precisaria ser assim, pois em outros lugares, a mesma religião é praticada e animais não são mortos em sacrifício ritualístico.

Aquele que combate o sacrifício de animais, desmerecendo a fé de um ser humano, não consegue perceber que a utilização de animais para outros ‘sacrifícios' (indústria de cosméticos, pesquisa, indústria alimentícia...) pode ser considerado tão ou mais sanguinário e cruel. 

Opondo-se ao sacrifício ritual, muitas pessoas não veem problema em consumir a carne de um animal abatido dentro de uma instituição que preze por seu "bem-estar". 

Porque se dentro daquela crença religiosa, o sacrifício de animais agrada a um "ser divino"; aquele que condena esse ritual, mas não condena o ritual diário em torno da mesa carnívora, em verdade, se coloca como um "ser mais do que divino", à quem o "sacrifício" de animais para satisfação do apetite não fere nenhum conceito moral.


Irmãos de Fé! 
A Umbanda nos acena com a Luz da Fraternidade onde a rudeza dos instintos ficou nos pretéritos da Escola da Vida!

Com Orgulho e Alegria de ser Umbandista, Saravá/Namastê!